Um dos maiores conhecedores de
atletismo no Brasil, Lauter Nogueira, que por 25 anos foi comentarista do Grupo
Globo, fez duras críticas às corridas virtuais com fins competitivos. Em
entrevista ao programa “Fôlego”, da Rádio Bandeirantes, o professor de educação
física disse que a maioria das empresas proponentes não tem controle algum
sobre a honestidade dos atletas.
“O que está acontecendo é um
certo engodo, uma coisa que me incomoda muito: vejo proliferarem as tais
corridas virtuais, que de corrida não têm praticamente nada. Não existe
competitividade nelas”, disse. “Induzem as pessoas de má índole a roubar. A
pessoa pode pegar uma bicicleta, ligar um aplicativo no celular e manter um
ritmo de 20,5 km/h em uma prova de 10 km.”
Lauter afirmou que a maior parte
das empresas que as vendem não se preocupam com possíveis fraudes: “São poucos
os métodos para você validar [o tempo], e 90%, 95% dessas corridas virtuais
hoje em dia não conseguem fazer isso. Há grupos [organizadores] desesperados
pelo fato de não haver corridas de rua que resolveram ir pelo modo mais fácil.
Acho isso chato pra caramba”.
O especialista, que também é
organizador de eventos, propôs um formato para provas presenciais que, segundo
ele, reduz enormemente as chances de proliferação da covid-19, doença causada
pelo novo coronavírus, entre os atletas. Em vez de uma largada, haverá até 4,9
mil ao longo de um fim de semana prolongado. “É perfeitamente possível da manhã
de sexta-feira à tarde de domingo uma pessoa largar a cada 40 segundos”, declarou.
A proposta é que o evento ocorra
em um lugar “remoto e blindado”, sem interferência de não participantes, com
regras sobre ultrapassagens: a faixa da esquerda é reservada a elas e, assim
que uma for feita, deve-se retornar à faixa da direita.
O organizador carioca afirmou que
um evento assim que é “até mais barato que um normal” para a empresa – até 20%
mais em conta –, já que haverá menos gastos com colaboradores. Para controle de
acesso e outras checagens, por exemplo, serão usadas algumas câmeras com
tecnologia de identificação.
“Na dispersão, o atleta olhará
para o telão e, sozinho, conferirá seu resultado”, disse Lauter, segundo o qual
“a propriedade intelectual do evento já está garantida”. Ele tenta
implementá-lo ainda em 2020.
Fonte: Esportividade.