Sorrindo, plena. Foi assim que Marlei Willers, 45 anos, cruzou a linha de chegada da 38ª edição da Maratona Internacional de Porto Alegre, após percorrer 42 quilômetros por ruas da capital gaúcha e vencer a disputa feminina em 2 horas, 40 minutos e 59 segundos.
Nascida em Planalto, no Paraná,
Marlei se considera gaúcha. Chegou, inclusive, a cantar a famosa música
gaudéria Querência Amada logo depois de vencer a corrida.
Marlei começou a correr há pouco mais de cinco anos, quando tinha 39, de "maneira despretensiosa".
— Nunca imaginei que ia chegar
nesse patamar profissional e competitivo. Mas as coisas foram acontecendo,
foram fluindo, e fui aproveitando, abraçando uma coisinha de cada vez —
explica.
Ainda assim, sua relação com o
esporte é antiga: vem da infância, com influência do pai.
— O esporte sempre trouxe muito
equilíbrio para a minha vida. Mas eu não tinha almejado: "Vou ser uma
atleta". Muita coisa foi acontecendo, as pessoas foram se aproximando, os
resultados foram vindo. Aí eu pensei: "Por que não?". Acho que a vida
é assim, não tem um tempo certo, uma idade certa. Quando acontece, a gente tem
que estar aberto e abraçar. E acreditar, principalmente — aconselha.
Foi acreditando que Marlei
ultrapassou a queniana Vivian Jeftanui Kiplagati, uma das favoritas para o
prêmio deste domingo, no final da corrida.
— A gente tem consciência disso,
da superioridade delas. Mas eu tenho que fazer o meu e depois ver o que
acontece. Foi o que eu fiz hoje. Eu sabia que ia ser uma prova muito difícil,
mas eu sabia que ia ter todo o carinho da torcida. E a prova foi fluindo, foram
acontecendo as coisas e eu aproveitei o momento — reflete.
A atleta alcançou a concorrente
perto do 30º quilômetro.
— Eu me mantive muito próxima
dela, dentro do universo da corrida. Às vezes eu pensava: "Meu Deus, será
que eu vou aguentar o ritmo?”. Mas a gente tem consciência do que está fazendo
e treina muito para esse momento. E eu fui me mantendo. Aí, no 30º quilômetro,
eu percebi que ela começou a olhar muito para trás. Quando o corredor começa a
olhar para trás, é porque está cansado. Percebi que meu ritmo estava normal, me
aproximei cada vez mais. Senti que ela reduziu um pouco o ritmo e eu encostei
nela. Aí pensei: "Agora vou aproveitar, depois a gente vê o que faz"
(risos) — conta.
Fonte: GZH