Correr pode ser tão eficiente para o equilíbrio da saúde mental quanto os antidepressivos, segundo um estudo apresentado, nesta sexta-feira (06/10), na Conferência do Colégio Europeu de Psicofarmacologia, em Barcelona. O trabalho é o primeiro a comparar os efeitos desses remédios com o exercício físico no combate a ansiedade, depressão e saúde em geral. Em 16 semanas de acompanhamento, os benefícios foram os mesmos, independentemente de o paciente tomar o medicamento ou fazer sessões de corrida. A pesquisa também foi publicada no Journal of Affective Disorders.
"Esse estudo deu às pessoas
ansiosas e deprimidas uma escolha. Curiosamente, a maioria optou pelo
exercício, o que fez com que os números no grupo de corrida fossem maiores do
que no de medicação", diz Penninx. É importante notar que aqueles que
optaram pelo medicamento estavam, segundo os pesquisadores, ligeiramente mais
deprimidos que os demais.
O tratamento com antidepressivos
exigiu que os pacientes usassem medicamentos prescritos, mas isso geralmente
não tem impacto direto nos hábitos diários, destaca a pesquisadora. Já o
exercício ataca diretamente o estilo de vida sedentário, frequentemente
detectado em pacientes com transtornos depressivos e de ansiedade. "A
atividade física incentiva as pessoas a sair de casa, estabelecer metas
pessoais, melhorar a condição física e participar em atividades de grupo",
afirma Penninx.
O grupo do antidepressivo tomou a
substância escitalopram por 16 semanas. O de corrida pretendia realizar duas a
três sessões supervisionadas de 45 minutos por semana, por quatro meses e meio.
A adesão ao protocolo foi menor no grupo de corrida (52%) do que no grupo de
antidepressivos (82%), apesar da preferência inicial.
No fim do ensaio, cerca de 44%
dos pacientes dos dois grupos apresentaram uma melhoria na depressão e na
ansiedade. No entanto, os da corrida também se beneficiaram, com melhoras no
peso, na circunferência da cintura, na pressão arterial e na função cardíaca.
Os que tomaram antidepressivos mostraram uma tendência de piora discreta nesses
marcadores metabólicos.
"Ambas as intervenções
ajudaram no tratamento da depressão na mesma medida", diz Brenda Penninx.
"Os antidepressivos, geralmente, tiveram um impacto pior no peso corporal,
na variabilidade da frequência cardíaca e na pressão arterial, enquanto a
terapia de corrida levou a um efeito melhorado no condicionamento físico geral
e na frequência cardíaca, por exemplo. Atualmente, estamos analisando com mais
detalhes os efeitos (da depressão) no envelhecimento biológico e nos processos
de inflamação."
Fonte: Correio Braziliense.