Correr tem o mesmo efeito que os antidepressivos, mostra pesquisa.

Correr pode ser tão eficiente para o equilíbrio da saúde mental quanto os antidepressivos, segundo um estudo apresentado, nesta sexta-feira (06/10), na Conferência do Colégio Europeu de Psicofarmacologia, em Barcelona. O trabalho é o primeiro a comparar os efeitos desses remédios com o exercício físico no combate a ansiedade, depressão e saúde em geral. Em 16 semanas de acompanhamento, os benefícios foram os mesmos, independentemente de o paciente tomar o medicamento ou fazer sessões de corrida. A pesquisa também foi publicada no Journal of Affective Disorders.


"Queríamos comparar como o exercício ou os antidepressivos afetam a sua saúde geral, não apenas a sua saúde mental", conta Brenda Penninx, da Universidade de Vrije, na Holanda, que apresentou o trabalho. Para isso, os pesquisadores estudaram 141 pacientes com depressão e/ou ansiedade. Foi oferecida a eles a escolha de tratamento: antidepressivos por 16 semanas ou terapia de corrida em grupo pelo mesmo período. Quarenta e cinco ficaram com a primeira opção, enquanto 96 preferiram os exercícios físicos.

"Esse estudo deu às pessoas ansiosas e deprimidas uma escolha. Curiosamente, a maioria optou pelo exercício, o que fez com que os números no grupo de corrida fossem maiores do que no de medicação", diz Penninx. É importante notar que aqueles que optaram pelo medicamento estavam, segundo os pesquisadores, ligeiramente mais deprimidos que os demais.

O tratamento com antidepressivos exigiu que os pacientes usassem medicamentos prescritos, mas isso geralmente não tem impacto direto nos hábitos diários, destaca a pesquisadora. Já o exercício ataca diretamente o estilo de vida sedentário, frequentemente detectado em pacientes com transtornos depressivos e de ansiedade. "A atividade física incentiva as pessoas a sair de casa, estabelecer metas pessoais, melhorar a condição física e participar em atividades de grupo", afirma Penninx.

O grupo do antidepressivo tomou a substância escitalopram por 16 semanas. O de corrida pretendia realizar duas a três sessões supervisionadas de 45 minutos por semana, por quatro meses e meio. A adesão ao protocolo foi menor no grupo de corrida (52%) do que no grupo de antidepressivos (82%), apesar da preferência inicial.

No fim do ensaio, cerca de 44% dos pacientes dos dois grupos apresentaram uma melhoria na depressão e na ansiedade. No entanto, os da corrida também se beneficiaram, com melhoras no peso, na circunferência da cintura, na pressão arterial e na função cardíaca. Os que tomaram antidepressivos mostraram uma tendência de piora discreta nesses marcadores metabólicos.

"Ambas as intervenções ajudaram no tratamento da depressão na mesma medida", diz Brenda Penninx. "Os antidepressivos, geralmente, tiveram um impacto pior no peso corporal, na variabilidade da frequência cardíaca e na pressão arterial, enquanto a terapia de corrida levou a um efeito melhorado no condicionamento físico geral e na frequência cardíaca, por exemplo. Atualmente, estamos analisando com mais detalhes os efeitos (da depressão) no envelhecimento biológico e nos processos de inflamação."


Fonte: Correio Braziliense.