A entrada cambaleante da maratonista suíça Gabriela Andersen-Schiess no Los Angeles Memorial Coliseum, nos minutos finais da maratona feminina – o último evento esportivo dos Jogos Olímpicos de 1984, realizados em Los Angeles (EUA) – correu o mundo. A atleta demorou sete minutos para percorrer os 500 metros finais da prova, dentro do estádio, com expressão de sofrimento físico, provocado por fortes câimbras na perna esquerda.
Muitos se perguntaram, na época,
por que a maratonista dispensou a ajuda da equipe médica que estava a sua
espera na entrada do estádio. A resposta é a tradução do espírito olímpico.
Andersen-Schiess conhecia muito bem as regras, por isso sabia que, caso
aceitasse o atendimento antes de cruzar a linha de chegada, seria
desclassificada da primeira maratona feminina realizada na história dos Jogos
Olímpicos.
A força de vontade da
maratonista, que impactou todos os participantes dos Jogos Olímpicos de 1984,
até hoje é referência global para superação. Só quem já experimentou uma prova,
mesmo com distâncias mais curtas, sabe o significado de cruzar a linha de chegada
e ostentar a medalha no peito.
Como nos esportes olímpicos, bons
resultados dependem de muito rigor na definição de metas, eficiência para
elaborar planejamentos e disciplina para cumprir cronogramas. O cronômetro
corporativo também é implacável.
Assim como Gabriela Andersen-Schiess, todo corredor, não importa há quanto tempo pratique, teme não completar a prova. A cada metro percorrido, a descarga de endorfina o transporta para outro patamar de cognição e bem-estar.
A endorfina é um neurotransmissor
essencial para que os neurônios estabeleçam uma comunicação, produzida durante
atividades que dão prazer, como atividades físicas, ouvir música, experimentar
uma comida gostosa ou gargalhar. Uma das funções da endorfina é diminuir os
níveis de estresse.
Foi exatamente em um momento
inundado de endorfina, durante uma corrida, que Gabriel Mangueira, CEO do W1
Inc., ecossistema focado em planejamento financeiro com seis verticais de
negócios, aceitou o convite para um novo desafio profissional. Mangueira é um
corredor fr O executivo costuma participar de provas de corridas promovidas por
parceiros, como a XP. Também pratica tênis em eventos organizados pela Icatu e
Prudential. Para Mangueira, competitividade, constância e espírito de equipe
são pilares que movem o atleta profissional, que busca viver em alta
performance.
Quando não pratica esportes,
Mangueira confessa que sente o humor oscilar com mais frequência e percebe um
risco de tomar decisões equivocadas ou precipitadas, por não estar no melhor
estado de espírito. “A prática de esportes ajuda no equilibro corpo, mente e
espírito, que na minha visão é fundamental para enfrentar os desafios. Tenho
inclusive insights e decisões durante a prática de esportes”,equente e
esporadicamente joga tênis e pratica ciclismo. Em outros momentos da vida, ele
já jogou handball, nadou e praticou hipismo.
A escolha da prática esportiva,
para Mangueira, varia com o momento de vida. “No começo, sem uma rotina de
trabalho tão intensa, eu dava preferência para esportes coletivos. A competição
e o trabalho em equipe sempre me inspiraram e me desenvolveram muito”, conta.
Conforme a agenda ficou mais
intensa, Mangueira fez uma transição, optando por esportes mais individuais, em
função da flexibilidade de horário e por não depender de outras pessoas.
“Durante a prática de esportes individuais, você se conecta consigo mesmo e
acaba refletindo na vida, no trabalho, nos projetos e nos grandes sonhos de
forma profunda e ativa”, diz.
Mangueira costuma participar de
maratonas – inclusive em fora do país, como a de Paris (2013) – e meia
maratonas. Também disputou o campeonato mundial de handball em Paris, em 2001,
e participou de um iron biker, prova de mountain bike, em Minas Gerais, em
2019. “Foram três dias de prova, com percursos diários que vão até 90
quilômetros”, detalha.
‘Só paro quando ultrapasso a
linha de chegada’
A corrida é um desafio novo para
André Soler, fundador da SP Invisível, ONG que promove ações sociais para
pessoas em situação de rua. Soler começou os treinos há três meses. “Todo
começo é um passo importante. Sou do tipo que, quando começa, não para. Só paro
quando ultrapasso a linha de chegada, sempre buscando superar meus próprios
limites”, afirma.
Nesses três meses, Soler já
encarou a primeira prova, mesmo com medo de não conseguir completar o percurso.
“Tive momentos de cansaço, mas foi mais tranquilo do que eu esperava. Há um
momento na corrida em que você esquece tudo e apenas flutua, correndo sem
parar. Mantive o foco, dei o meu máximo e alcancei meu melhor tempo. Foi uma
experiência transformadora que reforçou minha paixão por esse esporte”,
ressalta.
No dia a dia, Soler observa que a
prática da corrida ajuda a tomar decisões e a superar desafios. “Correr tem me
ajudado ainda a reforçar minhas crenças na importância de definir metas,
planejar e executar com disciplina. Ter um mentor ou professor ao seu lado
acelera a conquista dos objetivos”, conta. Para Soler, no ambiente corporativo,
esses princípios se traduzem em uma abordagem estratégica para resolver
problemas complexos e tomar decisões assertivas com ajuda de profissionais e
especialistas.
Além de boas doses de endorfina
para turbinar a tomada de decisões, a prática da corrida também deu um gás no
networking de Soler. “Conheci um especialista em planejamento estratégico de
uma grande empresa de cosméticos brasileira. Nos encontramos na assessoria de
corrida que frequento e, desde então, temos trocado ideias sobre estratégias
para desafios empresariais”, diz Soler.
Sobre lições da prática
esportiva, Soler destaca a resiliência, a determinação e a disciplina. “Aprendi
que é crucial manter o foco nos objetivos, ter paciência e continuar
persistindo mesmo diante de dificuldades”, detalha.
São lições, na visão de Soler,
fundamentais tanto no esporte quanto nos negócios. Para ele, a capacidade de
superar obstáculos e se adaptar às novas situações é essencial para o sucesso.
“A corrida me ajuda a aplicar meus valores de forma consistente. Sou um ser
humano mais funcional, capaz de levar o nível de execução de alta performance
para todas as áreas da minha vida”.
Fonte: InfoMoney.