Quem assistiu às competições de atletismo das Olimpíadas de Paris pôde se surpreender. Em vez do habitual tom avermelhado, os espectadores encontraram uma pista roxa. E não é só a cor que é diferente. A pista é feita com conchas recicladas mirando a sustentabilidade. A informação é da Smithsonian Magazine.
A nova cor foi o cenário para os corredores
competindo no Stade de France, o maior estádio do país, localizado em
Saint-Denis, ao norte de Paris, e foi uma escolha estética, pois roxo, azul e
verde compõem a paleta para os locais de competição dos jogos deste ano. O
design incorpora três cores distintas: lavanda para a pista em si, roxo escuro
para as áreas de serviço e cinza para as curvas externas em cada extremidade.
Até mesmo a cola utilizada para
fixar a pista à base de asfalto—2.800 potes no total—é roxa, caso alguma parte
fique visível. A pista é feita pela Mondo, uma empresa baseada em Alba, Itália,
que fabrica todas as pistas usadas nas Olimpíadas desde 1976. E esta é a
primeira vez que uma pista olímpica é roxa.
Mas além da cor, a pista de Paris
é única por incorporar conchas de moluscos bivalves, como mexilhões e amêijoas.
Antes dos jogos, a fabricante da pista começou a fazer parceria com uma empresa
de cultivo e pesca de mexilhões chamada Nieddittas para dar uma segunda vida às
conchas usadas.
A mineração de calcário e mármore para obter carbonato de cálcio produz emissões de carbono, além de resíduos de mineração. Segundo a Mondo, a construção de uma pista usando carbonato de cálcio biogênico compensa as emissões de um veículo a diesel Euro 4 percorrendo 60 mil quilômetros, informou a Wired.
Além da estética e da
sustentabilidade, o design e os materiais da pista também podem ajudar os
atletas. Pesquisadores da Mondo aprimoraram o novo material polimérico
introduzido pela primeira vez nas Olimpíadas de Tóquio, quando os atletas
estabeleceram três recordes mundiais e 12 recordes olímpicos.
Eles também usaram algoritmos de
computador para refinar ainda mais a forma e o tamanho ideais das bolhas de ar
na camada inferior da pista, que ajudam a absorver e depois recuperar a energia
do pé do corredor ao tocar o chão.
A borracha vulcanizada
proporciona boa aderência e resistência para atletas paralímpicos que usam
cadeiras de rodas e próteses. A pista também foi especialmente projetada para
complementar a última geração de tênis de corrida.
Em Tóquio, a parte superior da
pista era composta por grânulos de borracha 3D que trabalhavam em conjunto com
um sistema de polímeros colocados na camada superior. Com isso, esperava-se que
os atletas alcançassem maior velocidade—e, de fato, foi o palco onde a atleta
jamaicana Elaine Thompson-Herah ganhou o ouro na corrida feminina de 100 metros
com um tempo de 10,61 segundos, tornando-se a segunda mulher mais rápida da
história. No total, oito recordes olímpicos de pista foram quebrados nos jogos
de 2020.
Fonte: Época Negócios.