Correr uma prova vai muito além de cruzar a linha de chegada. Em meio à superação e ao desafio, a presença de uma estrutura médica eficiente pode ser determinante para a segurança dos atletas.
Relatos de quem viveu na pele
Welington Brasileiro Junior
participava de uma prova de 10 km quando, no oitavo quilômetro, desmaiou
repentinamente. “Senti as pernas pesadas, mas achei que era normal naquela
altura da prova. Depois disso, não lembro de nada”, conta. Ele acordou desorientado
no posto médico, sem conseguir se mexer e com febre alta. O protocolo de
resfriamento imediato, feito com sacos de gelo e imersão em água fria, foi
essencial para sua recuperação.
Já Fábio Carminato teve uma
experiência ainda mais dramática. Ele apagou por volta do quilômetro 20 de uma
meia maratona. “Um amigo disse que me viu parado, com as mãos no joelho, mas eu
já não lembro de nada. Apaguei ali e só acordei no hospital”, relata. O
atendimento rápido foi decisivo. “A doutora falou que, se demorasse um pouco
mais, eu teria morrido. Eu estava em outro mundo.”
Outro caso é o de José Eduardo Ibrahim, que já enfrentou situações de risco em diferentes provas. No Granfondo Campagnolo, na Itália, e no Ironman 70.3 de Pucón, no Chile, o frio extremo levou seu corpo à exaustão, exigindo intervenção imediata da equipe médica. “Hoje, escolho minhas provas considerando a estrutura médica disponível”, afirma.
O que torna uma área médica
eficiente?
Uma boa estrutura médica não se
resume a um posto de atendimento. É preciso considerar fatores como a distância
da prova, o número de participantes, o percurso, a época do ano e o perfil dos
corredores.
Para a Dra. Ana Sierra, tudo
começa com um planejamento minucioso. “Postos bem estruturados, ambulâncias
estrategicamente posicionadas e comunicação eficiente com a equipe de percurso
são essenciais”, explica. Entre as ocorrências mais comuns estão câimbras,
distensões musculares, hiponatremia e hipertermia, esta última potencialmente
fatal. “Casos graves exigem protocolos bem definidos e profissionais
especializados, pois cada minuto pode fazer a diferença”, ressalta.
Ela destaca que diferentes tipos
de prova demandam diferentes níveis de suporte. “Existem provas mais
comemorativas, como as temáticas, e outras mais competitivas, onde os
corredores buscam recordes pessoais. Essa diferença impacta diretamente no tipo
de atendimento necessário.”
Independentemente do formato, o
posto médico deve estar preparado para ocorrências leves, como câimbras e
escoriações, até situações graves que exijam atendimento de urgência. “Os
recursos devem ser distribuídos levando em conta o gerenciamento de risco,
considerando fatores como altimetria, horários de largada e rotas de fuga”,
reforça.
Cuide da sua saúde antes de
correr
Mais do que contar com uma boa
estrutura médica, é essencial prevenir problemas. Fazer exames regulares e
respeitar os limites do corpo são medidas fundamentais.
A Dra. Ana Sierra reforça essa importância: “Uma boa estrutura médica é essencial, mas o ideal é que o corredor faça check-ups regulares com um especialista. Isso garante que a prática esportiva seja segura, desde os treinos até as provas”.
Os atletas também reconhecem essa
necessidade. Welington destaca que os exames preventivos fazem parte da
segurança do corredor: “Os exames preventivos são essenciais para a sua
segurança, assim como no dia anterior de uma prova o descanso, hidratação, alimentação
adequada e, na prova, respeitar os seus limites.”
Fabio compartilha sua experiência
e alerta para a importância de um acompanhamento médico: “Poderia ter custado a
minha vida, ter abreviado minha vida numa situação de lazer e saúde. Muitas
vezes a gente fala que vai fazer exercício pensando na saúde, mas a gente
precisa saber se está preparado. É crucial a gente ter um acompanhamento, fazer
exames antes de colocar o tênis no pé e correr, porque exige demais. A primeira
coisa para aproveitar qualquer esporte é saber se você está pronto para
aquilo”, ressalta.
Relatos de quem já precisou de
atendimento durante provas esportivas evidenciam que o primeiro passo para
correr de forma segura é manter em dia os exames médicos regulares, buscar
orientação profissional e respeitar os sinais do próprio corpo. O esporte deve
ser um aliado da saúde, mas isso só acontece quando há preparação e cuidado.
Para os organizadores de eventos,
fica o alerta: a estrutura médica não é um custo dispensável, mas um
investimento essencial na segurança dos atletas.
Fonte: WebRun.